Fonte: Congresso em Foco
“É possível descartar os agrotóxicos sem a necessidade de recorrer a sementes geneticamente modificadas”
O belíssimo documentário “Mulheres da Terra”, sobre o trabalho de camponesas de Santa Catarina com a preservação das sementes crioulas, veio a público nas últimas semanas para contrapor a avassaladora cultura das sementes transgênicas. Produzido pela Plural Filmes, o documentário mostra a profunda relação de camponesas com a terra e reforça que é possível descartar os agrotóxicos sem a necessidade de recorrer a sementes geneticamente modificadas.
Com 27 minutos, o documentário mostra a luta de seis camponesas em preservar a tradição e defender um futuro de biodiversidade por meio de sementes crioulas, que são sementes guardadas, reproduzidas e melhoradas milenarmente por comunidades tradicionais. Essas sementes aparecem como uma opção para pequenos agricultores que desejam uma forma de germinar mais resistente, com sementes mais fortes, porque foram escolhidas por meio da seleção natural.
Diferentemente das promessas comerciais que envolvem sementes geneticamente modificadas – que visam menor custo com maior rentabilidade –, as sementes crioulas têm suas raízes na tradição passada de pai para filho, na troca, na agroecologia. Acima de tudo, a cultura das sementes crioulas presa pela diversidade de plantas e cultivos, pelo respeito ao tempo da natureza, pela preservação das espécies nativas.
“(...) O homem pensa na terra em como ganhar dinheiro, forma de lucro, e ele não se dá conta de que, dependendo do que ele está colocando na terra para tirar aquele lucro, ele está matando a terra” – Zenaide T. Milan da Silva, uma das agricultoras do Movimento de Mulheres Camponesas de Santa Catarina, de que trata o documentário.
O documentário é tocante e revela a lógica da real sustentabilidade e a manutenção de uma agricultura sustentável, onde o plantio convive pacificamente com áreas de preservação. Aliás, não só convive, como se auto-complementa. A mata ajuda a preservar as sementes crioulas e sua riqueza genética, enquanto as sementes crioulas preservam a fertilidade do solo e mantêm fortes e vivas as áreas preservadas.
“A transformação, eu tenho certeza, que ela vem através da semente. A semente que a gente resgata, a semente das organizações, a semente das atitudes. Tem que ser pela semente. Nós somos uma semente. Isso não precisa aprender numa faculdade. Isso tem que sentir que está na hora de mudar. É uma transformação mágica” – Lourdes Bodaneze, também camponesa do movimento.
O documentário é a história de mulheres que “cuidam da terra e são cuidadas por ela”, como bem diz o produtor Will Martins, e “a semente crioula aparece como uma tendência para o futuro”. “Essas camponesas não estão fazendo só um plantio, mas estão plantando uma história. A agricultura é um dos empregos mais antigos do mundo, que elas estão projetando para o futuro”, conclui Will.
Sem mais delongas, segue para o deleite do público o documentário “Mulheres da Terra”.
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